Utilizando-se da mesma confluência entre arte e psicanálise Edu Monteiro, realiza um trabalho fotográfico com espelhos que é interessante a este projeto por também simbolizar essa reflexão de forma visualmente densa.
Edu Monteiro é artista visual e fotógrafo, nascido em Porto Alegre (1972) e radicado no Rio de Janeiro há mais de 15 anos. Tendo uma produção autoral significativa, além de ser colaborador de diversas revistas, como a National Geographic. Expõe a série de auto-retratos “Saturno”, em que utiliza uma máscara de espelho convexo, que reflete o ambiente em sua volta ao invés de mostrar seu rosto. Essa troca pode ser tomada como uma forma simbólica para representar a influência do espaço na formação do sujeito.
Essa série de fotos foi produzida em três anos durante viagens ao sul do Brasil. Nas fotos podemos perceber como o artista aproveitou o clima e a paisagem para dar um ar de certa melancolia.
A série esteve em exposição no espaço Capibaribe Centro de Imagem, espaço de Recife, voltado à fotografia que atua desde a oferta de cursos até impressão fineart, laboratório analógico e galeria de artes com exposições mensais de fotógrafos do Brasil todo. O trabalho de Edu Monteiro esteve em exposição no local com abertura no dia 19 de fevereiro deste ano. Em matéria no site JC Online, Diana Moura fala sobre as fotografias:
“Saturno, também compilado em um livro de fotografias, é um ensaio dividido em três estados de espírito, segundo o autor: Neblina cega, Olho de cão e Farol da Solidão. Todos trazem uma tensão entre homem e natureza. Comumente, criaturas saturninas são tidas como melancólicas, característica considerada por Aristóteles como uma tristeza própria das pessoas inteligentes. Neste contexto, não é exagero afirmar que, em alguma medida, as imagens propostas por Edu Monteiro propõem um enfrentamento entre a razão e a força bruta, esta revestida de inúmeras nuances. “
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O que interessa sobre esta série em relação ao projeto é observar quais signos o artista incorporou à imagem, atingindo os conceitos que estão por trás da discussão da psicanálise sobre a formação do sujeito. O espelho colocado na frente da cabeça reflete o ambiente que se apresenta diante do artista. O formato do espelho nos dá uma sensação de expansão desse ambiente mas ao mesmo tempo parece estar puxando o máximo possível desse espaço. A identidade do artista aqui é representada por sua vivência e aquilo que ele absorve do mundo externo, que dão lugar ao seu rosto, que é a principal imagem que indivíduo fixa para reconhecer-se diante dos outros. Portanto Edu dá lugar à essa imagem como que afirmando, que para retratá-lo basta retratar o mundo à sua volta.


