Conclusão
O trabalho, realizado em 2014, expôs o processo criativo da produção de fotografias do livro “Espaço Íntimo”, que incluiu a análise reflexiva sobre a construção da identidade. Encontrando nos autores citados bases para afirmar que esta construção acontece a partir das relações que um indivíduo estabelece, tanto com as pessoas quanto com o mundo. Além de entendê-la como um sistema em constante mudança. Enfatizar que esta construção ocorre como uma troca de influências entre o meio e o indivíduo é o principal objetivo desta pesquisa, para que assim seja possível relacionar as busca por imagens que coloquem em um mesmo plano o indivíduo e o espaço. Imagens estas, que se definiram com o uso do espelho, não só como ferramenta para atingir um efeito de recorte e justaposição de planos, mas também como objeto carregado de significados ligados à construção da identidade.
“Espaço Íntimo” significa portanto, a área em que ocorrem as influências entre indivíduo e meio. Buscar o entendimento deste espaço foi motivado pela crença de que é preciso compreender a formação do outro para compreender nossas ações e assim atingir um melhor relacionamento com aqueles que nos cercam.
Outro ponto do processo criativo determinante para a conclusão e confirmação deste trabalho, foi o relacionamento construído entre fotógrafa e modelo durante a realização das fotos. O diálogo estabelecido para procurar um melhor enquadramento que traduzisse a importância do local escolhido, afirmou os significados que cada um atribuiu ao seu espaço. Os modelos escolheram lugares que consideraram decisivos para a formação de sua identidade, mas o fator de escolha não estava em questões estéticas de local e sim, nas experiências vividas ou nos significados incorporados à ele pelos próprios indivíduos. Desta forma pude nortear a ideia de que cada indivíduo experimenta e entende o mundo à sua maneira, emprestando a ele suas importâncias, moldando também este mundo através de suas ações.
O estudo sobre os fotógrafos que conheci aos poucos em salas de aula e pesquisas pessoais, acabaram mostrando a minha busca na fotografia em retratar o mundo, incorporando a ele os elementos estéticos e jogos possíveis da linguagem. Estes fotógrafos são portanto, referenciais sobre abordagens diferentes da subjetividade e do indivíduo. Através da produção poética de Edu Monteiro, do engajamento de Jacob Riis, da sensibilidade curiosa de Diane Arbus e do olhar despretencioso e particular de Vivian Maier, encarei diferentes formas de transformar este tema em imagem.
A conclusão deste trabalho se dá no encontro de uma forma pessoal de registrar as relações e influências estudadas a partir destas reflexões, entendendo este como um ponto de partida para o estabelecimento de uma poética artística singular, voltada para a compreensão do outro.